Evento Cardíaco e Espiritualidade

A ciência e a literatura têm demonstrado o quanto os distúrbios que acometem o corpo não se constituem meramente como expressões exteriores. Contrariamente ao que se pode constatar, revelam não apenas a real condição da pessoa, como também seus desejos, necessidades, repressões e suplantações, sinalizando o que a alma deseja ou necessita. Ao se considerar o coração como ícone da vida e dos sentimentos e apreciando o ser humano, na perspectiva biopsicossocial, é possível levantar questões que envolvem as emoções tanto no apareci­mento da doença cardíaca quanto na reabilitação. Isso porque, ao se ver no limiar entre a vida e a morte e se deparando com o fato de que uma de suas características, como ser humano, é a finitude, alguns aspectos que envolvem questionamentos subjetivos passam a incidir sobre o sujeito, levando-o a se apegar à intangibilidade de suas respostas. É dessa forma que a espiritualidade aparece e passa a se desenvolver no âmago do ser, passando a fazer parte do seu estilo de vida, provocando alterações responsáveis pela transcendência espiritual e explicando aquilo que a razão não teve competência para esclarecer.