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Desculpem-nos (?), mas estamos em reforma...

Desculpem-nos (?), mas estamos em reforma...

Organizador(es): Andréa Antonialli
Autor(es):

ISBN 978-85-7814-369-5
DOI
Páginas 67
Instituição Metodista
Ano de Publicação 2017
Faculdade
Palavras-Chave

Sim, estamos permanentemente em reforma. Esse termo faz parte da história da humanidade e, graças à ação dessas transformações, desenvolvemos as mais diversas formas de relação com o meio ambiente, com o pensamento, com outros humanos... O fogo, a invenção da roda, o desenvolvimento da linguagem, a escrita, a imprensa, sempre passamos por mudanças que nos desafiaram a sair do lugar comum e do comodismo. Mário Sérgio Cortella afirma: “Mudar é complicado, mas acomodar-se é perecer”, afinal, se não nos propusermos a mudar, ficaremos para trás e não necessariamente felizes...

Não sei. Mudar é difícil.

Obviamente não precisamos nos impregnar com a ansiedade (o tal mal da modernidade...) para mantermo-nos atualizados e imersos nas novidades que diariamente pipocam ao nosso redor; ainda citando Cortella: “a novidade não é a mudança do mundo, mas a velocidade da mudança”, no entanto, sentimo-nos muitas vezes obrigados a isso. Isso é positivo? Ao meu ver sim, contudo sem tornar essa tarefa um martírio ou um fardo. Deve-se desejar a transformação.

Somos saudosistas. A saudade, nesse contexto, remete-nos às memórias, às recordações carinhosas que guardamos de tempos que foram fundamentais na nossa construção como pessoas, profissionais, filhos, maridos, esposas, cidadãos. As máquinas de escrever, as aulas de datilografia, as fitas e vídeos K7, os LP´s, as cartas com selos, os mimeógrafos com o forte cheiro de álcool, as enciclopédias, os telegramas... muitos talvez nunca tenham ouvido falar nesses itens (e nem sou tão “antiga” assim...), mas, à sua época, foram também sinais de evolução. Reforma não anula memórias e nem deve destruir valores, mas deve criar nova “roupagem” sem desabonar o que conquistamos de bom.

Passamos por um momento político recheado por denúncias, delações premiadas, revelação de esquemas de corrupção, prisões (daqueles que não imaginávamos ver pagando por seus crimes); um momento o qual nos remeteu ao tempo do movimento das Diretas Já, que impeliu o brasileiro a criar um senso político que há muito não se via. Há polarizações equivocadas e perigosas, pós-verdades que ludibriam a população menos informada e mais ingênua, no entanto, existe o movimento da necessidade de mudança. E isso é bom.

Receio apenas que, ao trilhar este árduo caminho, deixemos certos valores fundamentais para trás, como respeito e tolerância, e que desarranjos, como a corrupção - a qual não é prerrogativa dos políticos que tanto criticamos, mas um traço da cultura brasileira - dominem nossas ações. As pequenas corrupções fazem parte da nossa realidade e elas nos enfraquecem, fazem-nos pensar muitas vezes no que é bom para o indivíduo, no entanto, ela exige maturidade, exige aprender a enxergar o outro e respeitar o coletivo. Talvez este seja o momento de mudarmos essa “cultura da corrupção”; de aproveitarmos para abandonar esse antigo vício comportamental.

A História e a Literatura comprovam o constante processo de transformação pelo qual a humanidade passa, resta-nos não perder de vista o passado – fundamental para entendermos quem somos e para que possamos continuar aprendendo com ele – e adaptarmo-nos às novidades. O novo não é ruim, é apenas desafiador e... necessário.

“So if you’re careful / You won’t get hurt / But if your careful all the time / Then what’s it worth?”
“Então se você tomar cuidado / Você não vai se machucar / Mas se você tomar cuidado o tempo todo / Vai valer a pena?”
Magne Furuholmen
Professora Andréa Antonialli