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E-book gratuito ensina sobre economia solidária praticada em incubadora de São Bernardo

Desvendar a economia solidária pelas lentes dos próprios agentes que a praticam é o objetivo do segundo livro sobre a experiência que se desenvolve no ABC paulista em torno da SBCSOL (Incubadora de Empreendimentos Solidários de São Bernardo do Campo). O projeto foi lançado em 2012 e o balanço de três anos de atividades mostra que é possível evoluir de uma ordem econômica voltada só ao lucro individual para empresas de benefício mútuo: são hoje 18 empreendimentos e 3 redes consolidadas (artesanato, alimentação e reciclagem), capacitação por meio de 10 oficinas gerenciais, biblioteca com 1,2 mil títulos, site, blog e perfil próprio no Facebook.

Toda essa bagagem teórica e prática está disponível também em versão digital gratuita disponibilizada pela Editora Metodista e que pode ser baixada pelo site.

Por meio de ilustrações, textos e muitas imagens do passo-a-passo dos grupos incubados, a publicação retrata as metodologias aplicadas, mostrando desde princípios da autogestão até processos de estruturação dos negócios. Há também grande volume de casos selecionados para ilustrar cada etapa do trabalho, desde o diagnóstico inicial dos participantes – a maioria vinda de situação de informalidade e desemprego -- até a formalização dos empreendimentos em fase madura. Para cada ação foram pesquisadas, adequadas e criadas ferramentas que tornassem acessíveis ao público assuntos espinhosos como o Plano de Negócios e Gestão de Marketing.

Trata-se, portanto, de uma obra para inspirar outras experiências semelhantes, segundo a coordenadora técnica da SBCSol, Vanderlea Lima Sena.

“Metodologia de Incubação: Experiências de Economia Solidária em São Bernardo do Campo” foi organizado por Daniela Sampaio Kavasaki Gomes, Renata Mendes e Cristina Paixão Lopes, apresentado pelo professor Luiz Silvério Silva e prefaciado pelo reitor Marcio de Moraes, da Universidade Metodista de São Paulo, parceira no empreendimento por meio da FAE-Fages (faculdades de gestão e negócios). Também o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, explica a opção pela política pública de fomento à economia plural representada por cooperativas, sociedades mútuas, terceiro setor e associativismo.

 

Parceria academia-poder público

Apoiada nos principais ideais de cooperativismo e associações – gestão compartilhada, confiança, propriedade coletiva e democratização de resultados -, a SBCSOl não só colocou no centro do alvo pequenos negócios familiares de baixa renda e pessoas na informalidade, como adotou um modelo misto por meio de parceria entre poder público e o mundo acadêmico. É uma concepção inédita no Brasil. Universidade Metodista e Instituto Metodista Granbery são a mão forte que ajuda a sistematizar os rituais administrativos e a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) entra com parte do indispensável oxigênio de recursos.

Mais do que isso, o modelo foi construído com os próprios participantes, que a partir de suas realidades deram forma às cartilhas, aos manuais e à prática gestora de seus empreendimentos. Um dado curioso é a presença majoritária das mulheres nos empreendimentos incubados. Das 239 pessoas envolvidas, constata-se a presença de 79 homens (33%) e 160 mulheres (67%).

Os empreendimentos acolhidos envolvem, entre outros, atividades de arte-palhaçaria, artesanato, produção de artefatos têxteis, hortas urbanas, metalurgia, alimentação, turismo ambiental e reciclagem de resíduos sólidos. Além desses incubados individualmente, a SBCSOL ainda atua com três redes de comercialização, isto é, grupos com vários empreendimentos que se juntam em um mesmo tipo de negócio: Rede de Artesanato (artesãos de economia criativa), Rede Recicla Têxtil e Rede de Alimentação. A equipe da SBCSOL é formada por técnicos que acompanham os empreendimentos semanalmente com assessoria continuada.

Baixe também gratuitamente o primeiro livro sobre a incubadora, “A política pública e o papel da universidade”.